Quem cozinha, faz feijão; e quem faz feijão, feijoada!! Os brasileiros lambem os beiços e enchem a barriga com feijão e os acompanhamentos de carne de porco, linguiça, legumes e verduras. Uma das nossas comidas nacionais.
Inverno, especialmente, atrai uma boa feijoada, sem mencionar a caipirinha, os amigos e um sambinha de som ambiente.
Além de deliciosa, robusta e agregadora (porque ninguém come feijoada sozinho), não deixa na mão nenhum cozinheiro porque “sempre cabe mais um” . É só botar água no feijão, como canta Chico Buarque.
Ela é tão estrela, que até poema ganhou, de ninguém menos que Vinícius de Moraes :
(…) Que prazer mais um corpo pede
Após comido um tal feijão?
Evidentemente uma rede
E um gato para passar a mão.”
Dispenso a receita aqui, porque cada um tem a sua, seu segredo, seu jeitinho; e ela ainda é democrática porque permite adaptações e até modismos do cozinheiro.
Eu coloco de molho o feijão na noite anterior e troco uma água antes de começar a cozinhar. Cozinho em panela comum, a fogo lento, para o caldo ser aveludado, com folhas de louro. Junto coloco as carnes secas e defumadas.
Orelhas, pés e rabo do porco devem procurar outro lar, porque a família não gosta. Faço um misto do filezinho do porco com um pouco de charque (dessalgado), linguiça e costela com pouca gordura. A costela defumada e o paio são indispensáveis.
Na minha feijoada, as carnes cruas, primeiro, são fritas em porções, na grande panela que receberá o feijão depois do cozimento, a qual ficará impregnada com o gosto das carnes, criando uma crosta de sabor que será deglaçada com o caldo do feijão, mas também digo que poderá ser usada uma boa cachaça amarela para essa função.
Vá fritando e reservando as carnes. No final devolva tudo à panela e deglaceie com o líquido de sua preferência, junte o feijão e o resultado da fritura de uma cebola branca bem picadinha, pimenta dedo de moça e dentes de alho triturados, em bom óleo de oliva.
Teste o sal. Não deixe grudar no fundo da panela. Engrosse o caldo.
Chame os amigos e os amores, sentem-se ao redor da mesa, onde estará o arroz soltinho, a farofa – companheira inseparável, a laranja e a couve que eu prefiro desidratar no forno, lentamente e com pouca temperatura, com sal, fio de azeite e páprica. Ficará crocante.
Aconselho um dia de folga, para não haver pressa para a felicidade.